Explorando o céu

Posted on sábado, março 06, 2010 by Astrofísica Brasil

Povoadas de brilhantes estrelas na época das férias, as noites quentes de dezembro a fevereiro representam um manancial de maravilhas que podem ser descobertas mesmo por leitores totalmente leigos no assunto. A melhor maneira de explorar o céu é em grupo, crianças e adultos seguindo juntos um conjunto de regras muito simples, mas precisas.

Para usar todo o potencial de seus olhos, não olhe para ambientes iluminados durante o tempo em que estiver observando o céu. O olho leva cerca de meia hora para se ajustar às condições de escuridão total. Use, se necessário, uma lanterna pequena, cobrindo o facho com uma folha de papel fino. Arrume um lugar confortável e diverta-se!

A partir da ilustração abaixo, as Três Marias serão nossas guias na noite. Igualmente espaçadas e quase iguais em brilho, é muito fácil achá-las olhando para o leste, um pouco acima do horizonte. Não é à toa que muitos povos as conhecem. Para os portugueses, elas são os Três Reis Magos. Para os ingleses, três rainhas. Para os beduínos, três pérolas. Para os esquimós, três pescadores perdidos no mar. Para os gregos, o cinturão de Orion, o caçador.

Mintaka, Alnilam e Alnitak são os nomes oficiais das estrelas do trio. Mintaka está quase exatamente sobre o equador celeste: sua posição no horizonte, ao nascer, demarca o ponto cardeal Leste; o ponto em que se põe assinala o Oeste.

Ao contrário de muitos outros grupos de estrelas, as Três Marias estão realmente próximas entre si; da Terra, distam cerca de 1 300 anos-luz (1 ano-luz são 9,5 trilhões de quilômetros). Com o céu muito escuro e transparente, você poderá ver a nebulosa de Órion a olho nu.


Orion - constelação à qual pertencem as Três Marias - domina o céu de verão. Duas estrelas bem brilhantes de Orion ladeiam o trio à mesma distância: à esquerda, Betelgeuse, e à direita, Rigel. A distância delas até as Três Marias é igual à de um punho fechado, projetado contra o céu, mantendo o braço esticado. 


Betelgeuse é uma supergigante vermelha, em estado avançado de evolução.
Está a 640 anos-luz e é tão grande que, se estivesse no lugar do Sol, engoliria todos os planetas até Marte. Rigel é uma supergigante azul, muito jovem e quente, a 800 anos-luz. À direita das Três Marias, em diagonal, se pode ver uma fileirinha de estrelas, formando a espada de Orion. Não muito longe daí se acha Sirius, a estrela de maior brilho aparente de todo o céu.

Ela fica praticamente sobre a linha imaginária que liga as Três Marias, como Aldebaran. Ambas distam do trio cerca de um palmo (projetado contra o céu, com o braço esticado). Sirius está a 8,8 anos-luz e é uma das estrelas mais próximas do Sol.

Em torno dela, os antigos imaginaram uma figura a que deram o nome de Cão Maior. Nesse cenário de caça, Orion persegue o Touro, que pode ser achado através de Aldebaran. Esta fica em posição simétrica a Sirius, em relação às Três Marias - na direção noroeste, à esquerda e acima daquele trio.

Segundo a mitologia, Aldebaran representa o olho do Touro branco em que Zeus teria se transformado para raptar Europa, a princesa dos fenícios.

A partir daqui, saltando de constelação, o leitor está preparado para explorar uma parcela considerável do céu.

Agora vamos explorar Aldebaran e seu entorno. Tente fazer uma reta imaginária que sai de Órion para uma estrela vermelha cercada de outras, agrupadas em formato de "V" (Aglomerado aberto Hyades), que contém 100 estrelas espalhadas em uma região de 16 anos-luz de extensão. Você achou a constelação doTouro.

As Hyades estão a 137 anos-luz de nós. Esta distância é a pedra fundamental sobre a qual se assentam todas as outras distâncias cósmicas: grandes erros na distância das galáxias se devem a pequenos erros na determinação da distância das Hyades. Esse aglomerado é bem jovem para os padrões cósmicos: 600 milhões de anos.

As Plêiades, um grupinho de estrelas acima e à esquerda das Hyades, são parte de um aglomerado aberto ainda mais jovem: 50 milhões de anos. Estão três vezes mais distantes que as Hyades, ocupam um espaço um pouco menor que o delas (num diâmetro de 13 anos-luz) e somam 120 estrelas.

No Brasil, elas são conhecidas por vários nomes, como Chave de São Pedro ou Setestrelo. Na mitologia, eram as sete irmãs do gigante Atlas que sustentava as colunas do mundo. Um jogo divertido consiste em pedir a várias pessoas que digam quantas estrelas conseguem ver. Os números dão idéia da acuidade visual das pessoas, favorecendo os mais jovens.

Procyon, a apenas 114 anos-luz, pode ser achada a partir de Sirius e Betelgeuse (fica a igual distância das duas, mais para leste). E abre caminho para se achar Gêmeos, se já estiver acima do horizonte.

 
Amesma distância que une Procyon a Sirius ou Betelgeuse, olhando para a esquerda, vê-se um grupinho de duas estrelas. As  principais de Gêmeos: Pollux (a 36 anos-luz) e Castor (46 anos-luz).

Na mitologia, os Gêmeos eram irmãos da célebre Helena de Tróia. Vamos expandir mais ainda nossos horizontes para norte e para sul. A distâncias iguais de Procyon, logo acima do horizonte, surgem duas estrelas bem brilhantes.

Capella, a mais brilhante da constelação do Cocheiro, fica ao norte a 46 anos-luz, e Canopus, a estrela mais brilhante de Carina, fica ao sul, a 200 anos-luz. De frente para Procyon, pode-se enxergar as duas sem precisar mover a cabeça. Canopus é uma amostra de gigante amarela.

Agora fique de frente para o sul, olhe para leste e relembre a posição de Sirius e Canopus. À direita de Canopus, a uma distância quase igual à de Sirius-Canopus, um pouco mais alta no céu, há uma estrela relativamente brilhante e isolada. É Achernar, de cor azul e a 127 anos-luz.

A uma distância também igual à de Canopus-Acherhar, mas na direção do oeste, está Fomalhaut, de brilho menor. Girando a cabeça para o oeste, se não for muito tarde, o brilhante planeta Vênus.

Ao Sul, entre Canopus e Achernar, um pouco mais baixas no horizonte, estão duas manchas luminosas: as Nuvens de Magalhães, chamadas no interior do Brasil de Covas de Adão e Eva. São os dois corpos fora de nossa galáxia mais fáceis de ver a olho nu. Elas próprias são galáxias pequenas, satélites da nossa.

A Grande Nuvem de Magalhães está a 170 mil anos-luz. A mancha que você está vendo tem 23 mil anos-luz de tamanho e contém 10 bilhões de sóis. Note que a luz que agora chega a seus olhos começou a viagem das Nuvens de Magalhães na época em que o ser mais evoluído da Terra era o homem de Neandertal.

Ao lado da pequena Nuvem de Magalhães você poderá ver, mesmo a olho nu, o aglomerado globular 47 Tucanae, um grupo de estrelas muito velhas: 10 bilhões de anos. Ele contém cerca de 100 mil estrelas e está a 17 mil anos-luz. Pertence, portanto, à Via Láctea. Afinal, gire sua cadeira 90 graus para a direita para chegar a última "fase".  Olhando para o alto do céu, estão várias constelações que representam coisas ligadas à água: Aquário, Peixes, a Baleia, o Rio Erídano e Áries, a cabra marinha.

Procure um grande quadrado formado por quatro estrelas não muito brilhantes, logo acima do horizonte. É a constelação do Pégaso, conhecida desde 500 a. C. Um pouco mais abaixo do Pégaso, à direita, está a constelação de Andrômeda. Localize a estrela Mirach.

Um pouco abaixo e à esquerda dessa estrela, está a famosa galáxia de Andrômeda. Se o céu estiver limpo e escuro, vale a pena gastar tempo para achar essa manchinha esbranquiçada onde se agrupam 300 bilhões de estrelas.

Afinal, ela deu aos astrônomos uma idéia da própria galáxia em que o homem nasceu - que, por viver em seu interior, não pode ter uma idéia direta da maravilha que ela representa por inteiro.



Fonte: Lamentamos, mas não temos certeza a quem este artigo pertence. Por favor responsável, fale conosco, para assim colocarmos os devidos créditos. Acreditamos que possa ser de uma dessas fontes:

Revista "Super Interessante"; Revista "PLANETA"; Revista "MUNDO ESTRANHO"; Revistas sensacionalistas; http://ciencia.hsw.uol.com.br, ou da Revista VEJA.


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